Projeto Bolotas Mestras
MATA DAS MESTRAS
A Mata Nacional das Mestras, gerida pela ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas), integra a Rede Nacional de Áreas Protegidas e inclui 84 hectares arborizados, principalmente por sobreiros (ocupam 70% da Mata), mas também por pinheiro-bravo, pinheiro-manso e carvalho.
De acordo com o Plano Municipal de Ação Climática das Caldas da Rainha (PMAC-CR), a Mata das Mestras é responsável pela captura de 81 a 131 toneladas/hectare de carbono orgânico do solo e é considerada um dos 14 territórios vulneráveis prioritários do concelho, sobretudo devido a variações na disponibilidade de água que podem ter consequências no desenvolvimento e manutenção das espécies, mas também deixar esta área mais vulnerável à ocorrência de incêndios.
A análise das vulnerabilidades climáticas do concelho revelou que existe uma vulnerabilidade atual muito alta ao calor excessivo e ondas de calor na maioria das freguesias e uma vulnerabilidade atual média a baixa às secas, projetando-se, no entanto, um agravamento generalizado que afetará particularmente as áreas agrícolas e os sistemas de abastecimento de água. Torna-se, por isso, imprescindível adotar ações de adaptação específicas para cada um dos territórios identificados como vulneráveis, considerando as suas características específicas e os elementos sensíveis expostos aos diferentes riscos climáticos.
Neste contexto, a estratégia de ação climática definida pelo PMAC-CR realça que um dos elementos-chave de adaptação do território aos efeitos das alterações climáticas será a aposta numa arborização resiliente.
Por que devemos plantar mais árvores?
O Inventário do Arvoredo Urbano do concelho das Caldas da Rainha, concluído em 2024, no âmbito do qual foram mapeadas e caracterizadas 22.566 árvores, permitiu verificar que 54% dos exemplares arbóreos existentes em espaços verdes municipais têm mais de 20 anos. Este dado é relevante na medida em que o ensombramento conferido pela copa e a contribuição do sistema radicular para a proteção contra a erosão e para a promoção da infiltração da água no subsolo são tanto maiores quanto maior (e mais antigo) é o exemplar arbóreo. Assim, a arborização dos espaços urbanos tem de ser um processo contínuo, de modo a que haja permanentemente exemplares de todas as classes etárias, em sucessão linear de classes dimensionais, e que a necessária remoção dos exemplares que atingiram o seu fim de vida esteja naturalmente compensada pela existência de árvores pertencentes a uma classe etária (e dimensional) aproximada.
Tendo em conta os objetivos estratégicos estabelecidos pelo PMAC-CR no que respeita à promoção da resiliência territorial, restauro ecológico de linhas de água e minimização dos riscos associados a eventos climáticos extremos, o processo de reforço da arborização dos espaços urbanos implica, além da reserva de espaço e de uma eventual regeneração do solo, a realização de diversas tipologias de operação com vista ao cumprimento de diferentes objetivos específicos, nomeadamente:
1) novas plantações para reposição de exemplares retirados, incremento da densidade de plantações existentes, restauro de alamedas arbóreas ao longo de vias públicas, promoção de zonas de ensombramento e infiltração, redução de ilhas de calor, melhoria do conforto térmico e incremento da biodiversidade urbana;
2) substituição de espécies com elevadas necessidades hídricas por espécies arbustivas autóctones mais tolerantes à seca e, por isso, com uma necessidade consideravelmente menor de rega;
3) substituição de espécies que representam risco para pessoas e bens por espécies mais resistentes/resilientes aos efeitos das alterações climáticas, tais como um maior número de ondas de calor, temperaturas mais elevadas, ventos fortes e cheias/inundações;
4) promoção do ensombramento de áreas sensíveis, identificadas como potenciais ilhas de calor e utilizadas por grupos populacionais mais vulneráveis: recreios de escolas, parques infantis, zonas de lazer, zonas desportivas e ilhas ecológicas de agricultura urbana;
OBJETIVO DO PROJETO
O Projeto Bolotas Mestras tem como principal objetivo valorizar as espécies de floresta autóctone presentes na Mata Nacional das Mestras, sobretudo sobreiros e carvalhos, garantindo o aproveitamento das suas sementes para germinação em viveiro e posterior utilização das plantas assim propagadas em ações de reflorestação e arborização do território concelhio.

1) Recolha de bolotas
Anualmente, por ocasião do Dia Nacional da Floresta Autóctone (23 de novembro) e em parceria com o ICNF, serão realizadas ações de sensibilização ambiental dirigidas ao público geral, destinadas à recolha de bolotas na Mata das Mestras.
2) Sementeira de bolotas em viveiro
As bolotas recolhidas na Mata das Mestras serão maioritariamente encaminhadas para viveiro(s) do ICNF, ficando um sub-stock das mesmas no viveiro informal existente na Reserva Local do Paul de Tornada, de modo a possibilitar a divulgação do Projeto com a visitação do espaço e o envolvimento de ONGA’s locais.
Após germinação, as plantas serão envasadas em recipientes sucessivamente maiores, acompanhando o crescimento do seu sistema radicular, até atingirem o tamanho mínimo que garanta o sucesso da plantação.
3) Plantação, manutenção e monitorização dos exemplares
O Município organizará anualmente, entre os meses de outubro e fevereiro, ações de plantação dos exemplares mantidos em viveiro até atingirem o tamanho ideal, em locais selecionados de acordo com os princípios e objetivos elencados no Programa Municipal de Arborização Urbana 2026-2030 e em cumprimento das normas estabelecidas pelo Regulamento Municipal do Arvoredo nº 347/2025.
Após a plantação, os exemplares arbóreos serão mantidos e monitorizados pelos assistentes operacionais do Município e das freguesias envolvidas.
4) Divulgação e participação da comunidade
Serão promovidas iniciativas que envolvam a participação da população geral e escolar na recolha de sementes, visita aos exemplares mantidos em viveiro e ações de plantação, contribuindo para o incremento da literacia ambiental da comunidade no que respeita à importância da valorização e preservação da floresta autóctone.